O ideário estético de Douglas Salomão inclui-se nessa linha de Augusto de Campos. Embora não tenha aderido totalmente à ruptura do verso tradicional, há alguns poemas que refletem essa estética.
Esses poemas visuais, portanto, longe de pertencerem a um estética dita “original”, fazem a releitura dos poemas de vanguarda do século XX, desde o cubo-futurismo, passando pelo concretismo brasileiro até chegar na poesia multimídia de Arnaldo Antunes, agora também representada na poesia de Douglas Salomão. Com já dito anteriormente, uma das propostas do livro é o distanciamento entre a palavra e o sujeito lírico (o “eu” do poema); no entanto, Douglas Salomão não segue à risca esse projeto estético, como impossibilidade de agregar-se a uma única estética neste início do século XXI. O apagamento do sujeito lírico, como já intentaram antes os poetas modernistas, não significa antilirismo. Pelo contrário, o lirismo se apresenta na voz que arruma as imagens e as contempla com certo distanciamento, sem perder, entretanto, sua identidade como persona lírica.
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