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"Ao fundo sou eu, mas será verdade / que sou? O fundo é que me inventa? / Terei mesmo essa identidade / feita de tinta apenas?" Palavras que respiram por Miguel Marvilla

domingo, 9 de novembro de 2014

Comentário breve sobre a prova de redação ENEM2014

O tema da prova de redação do ENEM2014 desagradou alunos e, é bem possível, alguns professores. Não fazia parte da famigerada lista que se insiste em elaborar, com o apoio da mídia. Houve candidato que declarou nunca ter ouvido falar da "publicidade infantil em questão no Brasil". As facilidades que alguns professores de redação tendem a "promover" vão de encontro ao que se espera de um candidato a vestibulares importantes do país: senso crítico e capacidade de raciocínio argumentativo em defesa de um ponto de vista. Fazer "nariz de cera" ( o chamado lero-lero, que cabe em qualquer tema) é um tiro que sai pela culatra. Trata-se de um engodo já desmascarado há muito pelas bancas examinadoras. Pouco mudou, pelo visto.  Se os professores não abordaram o tema em sala de aula, é porque não são adivinhos com bola de cristal. Alguns alunos continuam enganando-se quando esquecem que escrever é prática diária a partir de organização de ideias. Possivelmente muitos criticarão o INEP - em vez de autoavaliarem seu desempenho e seu trabalho.

No entanto, há que se esperar que a maioria tenha entendido a proposta, pois o tema faz parte da dinâmica da vida contemporânea. O candidato então poderia começar posicionando-se sobre a publicidade em geral, por exemplo, na perspectiva de que ela pretende estimular o consumo de qualquer produto, a despeito de sua utilidade ou necessidade. A publicidade em geral atua sobre qualquer indivíduo do mundo industrializado, desde crianças até adultos. No desenvolvimento de sua redação, o candidato poderia apresentar ideias extraídas da coletânea de textos, selecionada como diretriz para concordância ou discordância na argumentação. Além dessas ideias, também seria interessante que cada um apresentasse argumentação própria, demonstrando ser capaz de desenvolver reflexões por escrito. Sobre o tema específico, poderia afirmar que as crianças são muito vulneráveis à publicidade de produtos infantis, os quais surgem dia após dia, com base na programação veiculada pela mídia televisiva, hoje ampliada pela internet. Por outro lado, seria bom frisar sobre a importância de controle na divulgação de bens de consumo, como tablets, smartphones e demais produtos eletrônicos, entre outros, que se banalizam à medida que seu acesso é facilitado, seja pelo comércio, seja pela leniência dos pais. Nesse sentido, os pais devem exercer seu papel fundamental de educar seus filhos sem ceder diante dos apelos comerciais. Além disso, seria interessante lembrar que, no Brasil, existem leis reguladoras do uso de imagem sedutoras, como animais ou mesmo crianças , para veicular anúncios publicitários de produtos infantis. O candidato também poderia desenvolver a ideia de que o comércio se beneficia da voracidade dos pequenos consumidores, principalmente em datas como no dia das crianças ou nas festividades natalinas. Para concluir, seria sólido reafirmar as ideias desenvolvidas, sintetizando-as e reforçando, caso considerasse a educação dos pais para enfrentar o consumo desenfreado de seus filhos, a importãncia desse papel paterno e materno. Como se pode observar nos alinhavos destas considerações, o tema não foi tão difícil de ser abordado, bastando ao candidato um pouco de reflexão sobre a proposta. Espero que os candidatos tenham sucesso no resultado. Até a próxima.

Os temas de redação do ENEM, incluindo o de 2014

TEMAS QUE JÁ CAÍRAM
1998:  Viver e aprender
1999:  Cidadania e participação social
2000:  Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional
2001:  Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?
2002:  O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais que o Brasil necessita?
2003:  A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo
2004:  Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação
2005:  O trabalho infantil na sociedade brasileira
2006:  O poder de transformação da leitura
2007:  O desafio de se conviver com as diferenças
2008  Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivo financeiros a proprietários que deixarem de desmatar; ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar
2009:  O indivíduo frente à ética nacional
2010:  O trabalho na construção da dignidade humana
2011:  Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado
2012:  Movimento imigratório para o Brasil no século 21
2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

domingo, 30 de março de 2014

Leitura de um conto de Jorge Luis Borges: "Pierre Menard: autor do Quixote"

Lecturas de "Pierre Menard, autor del Quijote"

por Nora Gonzalez

Para hacer justicia a la mancillada memoria de su maestro el narrador de "Pierre Menard, autor del Quijote" (l) se propone reseñar la obra del novelista de Nimes, que, según su naturaleza, divide primeramente en dos grupos: sonetos, traducciones y ensayos integran la obra visible de Menard; dos o tres capítulos del Quijote , la invisible.

He aquí la estructura de uno de los cuentos más célebres de Borges, el preferido por los comentadores a la hora de establecer su poética. "Pierre Menard ..." fue leído como texto paradigmático sobre el arte de traducir; George Steiner ve en la trasposición en alejandrinos que Menard hace del Cimetière marin de Valéry "una ampliación vigorosa, aunque excéntrica, del concepto de traducción” (2), y saca una conclusión general sobre la producción del héroe: sus obras intentan invertir el desastre de Babel.

También se pensó que el cuento de Ficciones exponía una concepción muy precisa de la figura del creador, que transformaba a Pierre Menard en el símbolo de todo escritor. En esta misma línea se argumentó que el relato socavaba el concepto de identidad referido a la obra o, al menos, lo volvía tan elástico que un crítico (3) llegó a preguntarse quién era en la actualidad el autor delQuijote . El final del texto, especialmente, contribuyó a que se hiciera de él un manifiesto sobre la práctica de la lectura.

Más allá de sus diferencias, es posible destacar un rasgo compartido por todas estas lecturas: el presupuesto de la identidad que se establece entre el nombre propio al que remite la firma del cuento y el sujeto que dice yo en la narración. Borges queda identificado así con la posición de Menard, quien expresaría sus teorías literarias.

No es ésta, sin embargo, la opinión de Saer (4), para quien "Pierre Menard ..." no oculta una intención satírica. En "Borges francófobo", artículo que pertenece a su último libro, se muestra sorprendido por lo que considera uno de los hechos más curiosos de la literatura contemporánea: la crítica se ha obstinado en una interpretación del cuento de Borges que va claramente a contrapelo de la propuesta por su autor, lo cual no sólo constituye un desvío sino también una ofensa. Saer advierte que la idea de Borges sobre la literatura es el reverso exacto de la que sostiene Menard, que su héroe, lejos de representar la quintaesencia de la escritura, encarna sin ninguna ambigüedad la figura del plagiario.

Según el autor de Cicatrices , con el personaje principal de su texto Borges estaría caricaturizando a Paul Valéry y en él al simbolismo, corriente literaria que empieza con Mallarmé, a la que considera excesivamente intelectual y acusa de artificial y frívola. Esta acusación se extendería a casi toda la literatura francesa, por la que Borges no cesó de manifestar un pasional desdén.

La hipótesis de Saer es que una contradicción observada en Valéry, cuando reseña su lntroduction à la Poétique , habría dado origen a la ficción borgeana. Por un lado, el poeta francés concibe la literatura como una mera reducción a las combinaciones que permite un vocabulario determinado y, por otro, declara que el efecto de esas combinaciones varía según cada nuevo lector. En el primer caso resulta fundamental el lenguaje, en el segundo se destaca el acto y al lector. "Pierre Menard ..." está construido, precisamente, como el estudio de la variación histórica de un texto literario a partir de un párrafo del Quijote .

En la misma reseña Borges cita otra frase del texto de Valéry: "La Historia de la Literatura no debería ser la historia de los autores y de los accidentes de su carrera o de la carrera de sus obras, sino la Historia del Espíritu como productor o consumidor de literatura. Esa historia podría llevarse a término sin mencionar un solo escritor" (5). En efecto, el cuento de Ficciones invierte por completo esta idea, ya que "el texto de Cervantes y el de Menard son verbalmente idénticos” (6); es decir, lo que varía es el contexto y también el autor. Borges analiza y extrema los conceptos de Valéry, los vuelve absurdos: a una historia de la literatura sin autores opone una historia de los autores sin literatura o con la misma literatura, puesto que Menard es "en el mejor de los casos, un frívolo, y, en el peor, un plagiario y un charlatán” (7).

De modo que "Pierre Menard ... " es una parodia, la exacerbación y la inversión son procedimientos que remiten directamente a ella. Múltiples indicios del cuento conducen a esta lectura; además de los ya mencionados, Saer propone: "Pierre Menard .. ," es el único cuento claramente cómico de Ficciones , los amigos del héroe coquetean con el fascismo y el narrador "se permite insidiosas alusiones antisemitas: 'el filántropo internacional Simón Kautzsch, tan calumniado, ¡ay!, por las víctimas de sus desinteresadas maniobras’” (8).

Otro signo es la ambigüedad, figura que recorre todo el texto y que aparece claramente aludida desde el inicio en el nombre de quien habría difamado al maestro del narrador: Madame Henri Bachelier, es decir, la señora Enrique ; y, por supuesto, el texto elegido: el Quijote , obra invisible de Menard, cuyo predicado -parodia de las novelas de caballería- se ha vuelto un lugar común. Asimismo es posible leer como una alusión las dos referencias a lo que sería una especie de hábito de Pierre Menard, quien solía "propagar ideas que eran el estricto reverso de las preferidas por él” (9).

De manera breve, la parodia puede ser definida como la transformación de un texto sobre la base de uno anterior, como la relación que se establece entre éstos y que provoca un distanciamiento que permite la lectura crítica de una cultura, la cual tendrá que haberse conformado previamente en un sistema de signos visibles, ya que sólo es posible parodiar lo que ha superado ciertos límites de estilización, que ha alcanzado cierto nivel de saturación.

La lectura de Saer se vería confirmada de algún modo por la de Piglia, quien encuentra en Borges la síntesis, la clausura de las dos grandes líneas de la literatura argentina del siglo XIX, la gauchesca y el europeísmo, el cosmopolitismo; y señala, en "Parodia y propiedad", que "bastaría hacer la historia del sistema de citas, referencias culturales, alusiones, plagios, traducciones, pastiches que recorre la literatura argentina desde Sarmiento hasta Lugones para ver hasta qué punto Borges exaspera y lleva a la parodia y al apócrifo esa tradición. En realidad -concluye-, el tratamiento borgeano de la cultura es un ejemplo límite del funcionamiento de un sistema literario que ha llegado a su crisis y a su disolución" (10).

Así pues, por un lado, Borges extrema, vacía de contenido y lleva a la irrisión lo que es una tradición nacional; Piglia acentúa, además, otro rasgo que estima fundamental: su antintelectualismo, la oposición cultura-vida, que es constitutiva en él y cuyo secreto reside en mantener unidos los términos, que estén en tensión la erudición y el populismo ( 11).

Ahora bien, en "Pierre Menard, autor del Quijote" esta tensión explicaría la diferencia de lecturas: la crítica habría privilegiado la vertiente erudita, conceptual que propone el texto, que encarna Menard y que representaría la posición de Valéry, y habría descuidado u omitido los indicios que parodian y corroen esta concepción.

 

(1) Borges, J. L., "Pierre Menard, autor del Quijote", en Ficciones, Madrid, Alianza, 1971. 
(2) Steiner, G., Después de Babel, México, Fondo de Cultura Económica, 1980, p. 92. 
(3) A. Rossi se formula esta pregunta en su artículo "La página perfecta", publicado en La Gaceta del Fondo de Cultura Económica N° 188 (Destiempo de Borges), agosto de 1986, pp. 48-49. 
(4) Saer, J. 1., "Borges francófobo", en El concepto de ficción, Bs. As., Ariel, 1997. 
(5) Borges, J. L., "Introduction à la Poétique, de Paul Valéry", en Ob. C., Barcelona, Emecé, 1996, 1. IV, p. 368. 
(6) Op. cit., nota 1, p. 56. 
(7) Op. cit., nota 4, p. 36. 
(8) Ibid., pp. 38-39. 
(9) Op. cit., nota 1, p. 56.
(10) Piglia, R., Crítica y ficción, Bs. As., Fausto, 1993, p. 107. 
(11) Ibid., pp. 130-132.

 

Disponível em: descartes.org.ar. Acesso em: 30 março 2014.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Comentário sobre a prova de Língua Portuguesa e Literaturas do Vest UFES 2014

Das nove obras indicadas no programa da prova de Língua Portuguesa e Literaturas, apenas o poema Monólogo de uma sombra não foi abordado. A maioria das questões cobrou aspectos literários dos livros, mesmo quando associados ao uso sintático-semântico de termos da língua portuguesa. A última questão, no entanto, explorou apenas pontos gramaticais, mesmo apoiada em trechos de obra literária.  As demais questões, como já me referi, foram propostas no sentido de verificar o conhecimento do vestibulando, relacionando as obras ao contexto e ao teor literário de sua produção.
É o caso da 1ª questão ("Singularidades de uma rapariga loura", Dois perdidos numa noite suja e O matador), em que se pedia a identificação do realismo nos excertos como escrita literária e/ou como período literário. Como escrita literária, os trechos das três obras apresentam as características apontadas por Harry Shaw; por outro lado, apenas o fragmento do conto de Eça de Queiroz foi produzido no período realista.
Ao solicitar ao candidato a explicação do uso proclítico em início de frase na fala do personagem Tonho, na 2ª questão, não bastava apenas apontar a coloquialidade desse uso. Pelo gabarito já divulgado, esperava-se que o vestibulando associasse esse uso à intencionalidade de imprimir realismo ao diálogo entre os personagens.
Na 3ª questão, esperava-se que o candidato reconhecesse as figuras de linguagem presentes nos fragmentos. Elas articulam o uso linguístico de termos da língua portuguesa ao fenômeno literário.
A 4ª questão, abordando a narrativa moçambicana Terra sonâmbula, dividiu-se em dois itens. O primeiro cobrou do estudante o conhecimento sintático-semântico, isto é, esperava-se que o vestibulando articulasse as ideias de causa e consequência ao personagem a que o trecho se refere, Taímo. O segundo item pediu um neologismo, explicado também do ponto de vista literário.
Puramente gramatical foi a 5ª e última questão, sem qualquer relação a explicação literária.
De maneira geral, a prova de Língua Portuguesa e Literaturas desse vestibular da UFES articulou conhecimento linguístico e literário.
Entre os links deste blog, encontram-se os atalhos para acessar as provas e as respostas esperadas.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Comentário sobre a 3ª questão da prova de Redação do Vest UFES 2014

A questão propõe a redação de uma carta, cujo destinatário é o presidente de uma associação de caminhoneiros, sobre uma das frases que geralmente se lê na traseira de um caminhão. A partir dessa escolha, o candidato determinaria o tema da questão. O assunto é preconceito: contra a mulher, no caso da primeira frase; contra o pobre, no caso da segunda; contra o Estado capixaba, se for a terceira frase; e contra a característica étnica, se for a quarta frase.
O remetente da carta poderia ser qualquer indivíduo que não concordasse com a reprodução preconceituosa de certos valores que ainda persistem em nossa sociedade ou mesmo alguém que se sentisse ofendido com a ideia veiculada na frase. Em ambos os casos, a carta deveria expressar discordância em relação à veiculação da frase preconceituosa. Pode-se argumentar apontando as conquistas que o segmento social discriminado tem conseguido ao longo da história e, sobretudo, mostrar ao destinatário as consequências legais que a continuidade da difusão dos chamados "dísticos" de caminhão poderia acarretar.
Em suma, o gênero "carta" também não é desconhecido pelo vestibulando, como também os temas a serem desenvolvidos são amplamente abordados em sala de aula do ensino médio. Também essa questão não apresentou coletânea de apoio, valorizando-se assim o conhecimento que cada candidato teria sobre o tema desenvolvido.

Comentário sobre a 2ª questão da prova de Redação do Vest UFES 2014

Diferente da primeira, a questão propõe uma hipótese de edição de revista que trata de assuntos ambientais. O candidato deveria redigir um editorial defendendo o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo para os problemas do trânsito. Esse é o tema. O editorial de uma revista, por sua vez, constitui um gênero textual que representa a posição ideológica do veículo de comunicação, nesse caso voltado para o meio ambiente. Sem coletânea de apoio, o candidato poderia apresentar quaisquer argumentos que comprovassem a eficácia do meio de condução alternativo - a bicicleta - para solucionar problemas da mobilidade urbana. Apresento algumas ideias:
1 - Utilização da bicicleta como solução para diminuir a enorme quantidade de automóveis em circulação e a consequente diminuição de emissão de poluentes. A esses efeitos, podem-se acrescentar outros, como a economia do ponto de vista financeiro e os benefícios à saúde do ciclista.
2 - Construção de ciclovias com menos investimentos, em relação aos custos com ampliação de avenidas.
3 - Redução de problemas com transporte coletivo.
4 - Diminuição de acidentes de trânsito e, consequentemente, de vítimas. Se o candidato soubesse de alguma estatística sobre acidentes de trânsito, seria interessante colocar.
Esses e outros elementos, a partir do conhecimento de mundo e das leituras de cada um, podem ser estruturadores de um editorial, que teria uma introdução apresentando imediata e objetivamente o TEMA e a TESE (parágrafo inicial), um desenvolvimento (dois parágrafos com ARGUMENTOS em defesa do uso da bicicleta como solução para a mobilidade urbana) e uma conclusão (parágrafo final) em que se cobraria do poder público as medidas necessárias para estimular o uso desse transporte barato e saudável.
Enfim, o editorial é um gênero do tipo dissertativo-argumentativo, amplamente abordado na preparação dos candidatos para a prova de Redação. Não é a primeira vez que a Banca Examinadora da UFES propõe esse gênero, nem o tema também é tão distante de nossa realidade. A novidade, nessa prova, é que não houve textos de apoio, dificultando a abordagem do tema para aquele que não tem o hábito de leitura, mas, por outro lado, deixando ao candidato a escolha de seus próprios argumentos.


Comentário sobre a 1ª questão da prova de Redação do Vest UFES 2014

Escrever uma crônica sobre a própria experiência de escrita na escola básica - tema da questão - representa uma proposta audaciosa e inclusiva, pois supõe a presença de um sujeito - o candidato - que usará a memória para construir seu relato. Ao mesmo tempo que narra tal aspecto de sua vivência escolar, o cronista poderá exercer sua crítica quanto à abordagem dessa faceta da educação brasileira e à necessidade de engajamento do cidadão, pela escrita, em nossa sociedade letrada. Quem passou pela educação básica sabe que a presença da escrita na vida de um estudante geralmente se dá menos por prazer e mais por obrigatoriedade, seja em provas escritas, seja em processos seletivos. Em seu relato, possivelmente o cronista abordará as facilidades ou as dificuldades vividas, a relação com seus professores e as condições de produção, conforme seu ambiente escolar, sem citar nomes, obviamente. Na resposta, o candidato usará a primeira pessoa, com um texto bem pessoal sobre o tema, pois não se propõe qualquer situação simulada ou hipotética; pelo contrário, pede-se a experiência do indivíduo. Nesse caso, a mão do examinador possivelmente pesará sobre a estruturação do gênero "crônica", a abordagem do tema de forma subjetiva e ao mesmo tempo crítica, assim como o uso adequado da língua portuguesa em seu registro culto. A coesão e a coerência do texto também deverão ser muito valorizadas no processo textual. Nota dez para a proposta.