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"Ao fundo sou eu, mas será verdade / que sou? O fundo é que me inventa? / Terei mesmo essa identidade / feita de tinta apenas?" Palavras que respiram por Miguel Marvilla

domingo, 14 de dezembro de 2014

Comentários sobre a Prova de Redação do PS/UFES 2015 (Parte 3)

Não é a primeira vez que a UFES propõe uma descrição em processo seletivo. Aliás, essa tipologia textual também faz parte de nosso cotidiano. Valem os sentidos, principalmente os físicos, para descrever um objeto, nesse caso um espaço cultural. O candidato poderia começar abordando a importância desse espaço para o desenvolvimento cultural de sua comunidade (rua, bairro ou cidade). Obviamente, além dos aspectos físicos, como dimensões, material, cores, entre outros elementos de sua arquitetura, também poderiam ser apresentados aspectos mais abstratos, como sua função, por exemplo, projetando-se um lugar de encontros, de aquisição de conhecimento e divulgação de variadas obras de arte, seja um parque, um jardim botânico, seja uma galeria de arte com sala de espetáculos e projeção de filmes. Nossa cidade tem alguns espaços culturais que poderiam servir de modelo para essa composição. No que diz respeito à estrutura de um texto descritivo, é bom lembrar que também a descrição deve seguir uma certa ordem no seu desenvolvimento: importância, função, aspectos físicos e aspectos mais abstratos. Evidentemente, qualquer outra sequência também poderia ser estabelecida. Entre as três questões, essa possivelmente foi a de menor grau de dificuldade, haja vista que existem lugares assim espalhados por nosso país. Também aqui o candidato poderia usar modelos do mundo real ou da própria imaginação.

Em suma, as três propostas ofereceram oportunidades de pensar por escrito. Parabéns aos candidatos e sucesso nas provas específicas. Grande abraço.

Comentários sobre a Prova de Redação do PS/UFES 2015 (Parte 2)

Na segunda questão da prova, a proposta de uma narrativa facilitou a resposta para o candidato, pois contar uma história faz parte do nosso cotidiano.  Já era um gênero esperado, por sua constância nos últimos vestibulares. O tema da narrativa deveria ser a relação entre uma pessoa idosa e uma criança, ou, nos termos do comando, "em que uma pessoa idosa tenha como sua única companhia uma criança". Além disso, seria necessário levar em consideração o fragmento literário e o excerto de um artigo, abordando reflexões acerca das frágeis fronteiras entre as fases etárias, bem como suas características diferentes e comuns: brincar, reclamar, conhecer, perguntar, ser feliz etc. Vale aqui também a observação do mundo real ou a imaginação. Por isso, a leitura e o conhecimento de mundo do candidato possibilitariam a sua desenvoltura frente ao desafio temático. A Banca Examinadora, certamente, atribuirá a pontuação também aos elementos estruturadores de uma narrativa, a saber: o narrador (ponto de vista em primeira ou terceira pessoa), os dois personagens determinados (o idoso e a criança em mútua companhia), um enredo (constituído de um fato ou uma ação vivenciada pelos dois personagens), um espaço (na cidade, no campo, nas memórias de alguém) e um tempo (passado ou presente). Pelo mínimo número de linhas estipulado para o texto, a história deveria ser breve, seguindo uma estrutura de enredo assim sequenciada: apresentação (de personagens e/ou cenário), conflito (ruptura da harmonia inicial da história), clímax (ápice do conflito) e desfecho (solução ou não do conflito). No entanto, que fique claro que essa sequência de enredo não é uma camisa de força, prevalecendo aí a maneira como o candidato vai apresentando os elementos da narrativa de forma a manter a atenção do leitor, que nesse caso é um exigente avaliador. O diálogo entre os personagens poderia ser estabelecido usando-se o discurso direto, o indireto ou ainda o indireto livre. Essa questão apresentou um grau menor de dificuldade e uma ótima oportunidade para o candidato figurativizar sua cosmovisão sobre a infância e a velhice como fatores de constituição de todo ser humano.

Comentários sobre a Prova de Redação do PS/UFES 2015 (Parte 1)



Mais uma vez, a Banca Examinadora de Redação do Vestibular da UFES acrescenta um gênero discursivo que desconstrói o trabalho docente e discente apenas com o "famigerado" tema, como tem sido ainda a práxis de alguns professores em cursinhos preparatórios. Debater em sala de aula os temas atuais torna as aulas bem interessantes, como também fortalece e mesmo forma opiniões dos jovens brasileiros. Por outro lado, é importante que se faça um trabalho ao longo da formação estudantil com a prática de variados gêneros discursivos. Na prova deste ano, propôs-se a produção de três gêneros de texto, a saber: um panegírico, uma narrativa e uma descrição.

Vamos passo a passo:

O panegírico, como se lê no comando da primeira questão da prova, é um discurso elogioso a alguém ou a algo. Os textos de apoio da coletânea estabelecem as diretrizes para a depreensão do tema: os valores éticos na sociedade. Ora, em primeiro lugar, o candidato precisaria pensar sobre o desenvolvimento do tema, simulando uma situação contextualizada de elogio a alguém, cuja conduta representasse valores irrepreensíveis, ou observando, da realidade atual, situações que espelhassem a retidão, a honestidade, a bondade ou qualquer outra virtude adquirida que não fosse pautada pelo valor de troca do mundo capitalista. Como há, em nossa sociedade, pessoas ou situações que merecem elogios por causa de atitudes e comportamentos ilibados, a variedade temática da questão vai desde a devolução de uma carteira recheada de dinheiro ao dono até a atuação daquele cidadão dignitário que faz ou fez diferença na humanidade. A partir dessas nuances, os candidatos selecionariam, seja pela imaginação, seja pela observação do mundo, quaisquer ideias que atendessem ao tema. O panegírico, por sua vez, é um gênero proferido oralmente a partir de um texto escrito e apresenta alguns elementos estruturais: um orador (representante de um grupo ou de uma instituição, por exemplo), o vocativo (a plateia a que se dirige o orador) e uma situação em que o discurso é apresentado  (encerramento de ano em escola, homenagem em reunião de professores ou qualquer outro contexto). Geralmente, esse gênero é produzido em primeira pessoa do singular ou do plural. A questão, com valor maior na prova, será o fiel da balança, ou seja, determinará, por seu grau médio de dificuldade, o resultado do exame ou mesmo do processo seletivo. 

Continuamos na parte 2.

Estou de volta...

Prezados seguidores
Vi suas postagens e peço que me desculpem por não ter respondido. Não foi descaso, vocês tenham certeza. Deixei o blog um pouco de lado por estar demais envolvida com questões pessoais urgentes, como ainda estou. Por isso, relevem se não lhes dei a devida atenção.
No entanto, hoje, porque muitos fizeram a prova de redação do Vestibular da UFES, vou postar aqui breves comentários sobre ela. Estejam certos de que, no próximo ano, ficarei mais presente neste espaço, interagindo com quem se interessa por leitura, literatura e produção de texto. E, claro, orientações para os vestibulares. Grande abraço!📝

domingo, 9 de novembro de 2014

Comentário breve sobre a prova de redação ENEM2014

O tema da prova de redação do ENEM2014 desagradou alunos e, é bem possível, alguns professores. Não fazia parte da famigerada lista que se insiste em elaborar, com o apoio da mídia. Houve candidato que declarou nunca ter ouvido falar da "publicidade infantil em questão no Brasil". As facilidades que alguns professores de redação tendem a "promover" vão de encontro ao que se espera de um candidato a vestibulares importantes do país: senso crítico e capacidade de raciocínio argumentativo em defesa de um ponto de vista. Fazer "nariz de cera" ( o chamado lero-lero, que cabe em qualquer tema) é um tiro que sai pela culatra. Trata-se de um engodo já desmascarado há muito pelas bancas examinadoras. Pouco mudou, pelo visto.  Se os professores não abordaram o tema em sala de aula, é porque não são adivinhos com bola de cristal. Alguns alunos continuam enganando-se quando esquecem que escrever é prática diária a partir de organização de ideias. Possivelmente muitos criticarão o INEP - em vez de autoavaliarem seu desempenho e seu trabalho.

No entanto, há que se esperar que a maioria tenha entendido a proposta, pois o tema faz parte da dinâmica da vida contemporânea. O candidato então poderia começar posicionando-se sobre a publicidade em geral, por exemplo, na perspectiva de que ela pretende estimular o consumo de qualquer produto, a despeito de sua utilidade ou necessidade. A publicidade em geral atua sobre qualquer indivíduo do mundo industrializado, desde crianças até adultos. No desenvolvimento de sua redação, o candidato poderia apresentar ideias extraídas da coletânea de textos, selecionada como diretriz para concordância ou discordância na argumentação. Além dessas ideias, também seria interessante que cada um apresentasse argumentação própria, demonstrando ser capaz de desenvolver reflexões por escrito. Sobre o tema específico, poderia afirmar que as crianças são muito vulneráveis à publicidade de produtos infantis, os quais surgem dia após dia, com base na programação veiculada pela mídia televisiva, hoje ampliada pela internet. Por outro lado, seria bom frisar sobre a importância de controle na divulgação de bens de consumo, como tablets, smartphones e demais produtos eletrônicos, entre outros, que se banalizam à medida que seu acesso é facilitado, seja pelo comércio, seja pela leniência dos pais. Nesse sentido, os pais devem exercer seu papel fundamental de educar seus filhos sem ceder diante dos apelos comerciais. Além disso, seria interessante lembrar que, no Brasil, existem leis reguladoras do uso de imagem sedutoras, como animais ou mesmo crianças , para veicular anúncios publicitários de produtos infantis. O candidato também poderia desenvolver a ideia de que o comércio se beneficia da voracidade dos pequenos consumidores, principalmente em datas como no dia das crianças ou nas festividades natalinas. Para concluir, seria sólido reafirmar as ideias desenvolvidas, sintetizando-as e reforçando, caso considerasse a educação dos pais para enfrentar o consumo desenfreado de seus filhos, a importãncia desse papel paterno e materno. Como se pode observar nos alinhavos destas considerações, o tema não foi tão difícil de ser abordado, bastando ao candidato um pouco de reflexão sobre a proposta. Espero que os candidatos tenham sucesso no resultado. Até a próxima.

Os temas de redação do ENEM, incluindo o de 2014

TEMAS QUE JÁ CAÍRAM
1998:  Viver e aprender
1999:  Cidadania e participação social
2000:  Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional
2001:  Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?
2002:  O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais que o Brasil necessita?
2003:  A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo
2004:  Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação
2005:  O trabalho infantil na sociedade brasileira
2006:  O poder de transformação da leitura
2007:  O desafio de se conviver com as diferenças
2008  Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivo financeiros a proprietários que deixarem de desmatar; ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar
2009:  O indivíduo frente à ética nacional
2010:  O trabalho na construção da dignidade humana
2011:  Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado
2012:  Movimento imigratório para o Brasil no século 21
2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

domingo, 30 de março de 2014

Leitura de um conto de Jorge Luis Borges: "Pierre Menard: autor do Quixote"

Lecturas de "Pierre Menard, autor del Quijote"

por Nora Gonzalez

Para hacer justicia a la mancillada memoria de su maestro el narrador de "Pierre Menard, autor del Quijote" (l) se propone reseñar la obra del novelista de Nimes, que, según su naturaleza, divide primeramente en dos grupos: sonetos, traducciones y ensayos integran la obra visible de Menard; dos o tres capítulos del Quijote , la invisible.

He aquí la estructura de uno de los cuentos más célebres de Borges, el preferido por los comentadores a la hora de establecer su poética. "Pierre Menard ..." fue leído como texto paradigmático sobre el arte de traducir; George Steiner ve en la trasposición en alejandrinos que Menard hace del Cimetière marin de Valéry "una ampliación vigorosa, aunque excéntrica, del concepto de traducción” (2), y saca una conclusión general sobre la producción del héroe: sus obras intentan invertir el desastre de Babel.

También se pensó que el cuento de Ficciones exponía una concepción muy precisa de la figura del creador, que transformaba a Pierre Menard en el símbolo de todo escritor. En esta misma línea se argumentó que el relato socavaba el concepto de identidad referido a la obra o, al menos, lo volvía tan elástico que un crítico (3) llegó a preguntarse quién era en la actualidad el autor delQuijote . El final del texto, especialmente, contribuyó a que se hiciera de él un manifiesto sobre la práctica de la lectura.

Más allá de sus diferencias, es posible destacar un rasgo compartido por todas estas lecturas: el presupuesto de la identidad que se establece entre el nombre propio al que remite la firma del cuento y el sujeto que dice yo en la narración. Borges queda identificado así con la posición de Menard, quien expresaría sus teorías literarias.

No es ésta, sin embargo, la opinión de Saer (4), para quien "Pierre Menard ..." no oculta una intención satírica. En "Borges francófobo", artículo que pertenece a su último libro, se muestra sorprendido por lo que considera uno de los hechos más curiosos de la literatura contemporánea: la crítica se ha obstinado en una interpretación del cuento de Borges que va claramente a contrapelo de la propuesta por su autor, lo cual no sólo constituye un desvío sino también una ofensa. Saer advierte que la idea de Borges sobre la literatura es el reverso exacto de la que sostiene Menard, que su héroe, lejos de representar la quintaesencia de la escritura, encarna sin ninguna ambigüedad la figura del plagiario.

Según el autor de Cicatrices , con el personaje principal de su texto Borges estaría caricaturizando a Paul Valéry y en él al simbolismo, corriente literaria que empieza con Mallarmé, a la que considera excesivamente intelectual y acusa de artificial y frívola. Esta acusación se extendería a casi toda la literatura francesa, por la que Borges no cesó de manifestar un pasional desdén.

La hipótesis de Saer es que una contradicción observada en Valéry, cuando reseña su lntroduction à la Poétique , habría dado origen a la ficción borgeana. Por un lado, el poeta francés concibe la literatura como una mera reducción a las combinaciones que permite un vocabulario determinado y, por otro, declara que el efecto de esas combinaciones varía según cada nuevo lector. En el primer caso resulta fundamental el lenguaje, en el segundo se destaca el acto y al lector. "Pierre Menard ..." está construido, precisamente, como el estudio de la variación histórica de un texto literario a partir de un párrafo del Quijote .

En la misma reseña Borges cita otra frase del texto de Valéry: "La Historia de la Literatura no debería ser la historia de los autores y de los accidentes de su carrera o de la carrera de sus obras, sino la Historia del Espíritu como productor o consumidor de literatura. Esa historia podría llevarse a término sin mencionar un solo escritor" (5). En efecto, el cuento de Ficciones invierte por completo esta idea, ya que "el texto de Cervantes y el de Menard son verbalmente idénticos” (6); es decir, lo que varía es el contexto y también el autor. Borges analiza y extrema los conceptos de Valéry, los vuelve absurdos: a una historia de la literatura sin autores opone una historia de los autores sin literatura o con la misma literatura, puesto que Menard es "en el mejor de los casos, un frívolo, y, en el peor, un plagiario y un charlatán” (7).

De modo que "Pierre Menard ... " es una parodia, la exacerbación y la inversión son procedimientos que remiten directamente a ella. Múltiples indicios del cuento conducen a esta lectura; además de los ya mencionados, Saer propone: "Pierre Menard .. ," es el único cuento claramente cómico de Ficciones , los amigos del héroe coquetean con el fascismo y el narrador "se permite insidiosas alusiones antisemitas: 'el filántropo internacional Simón Kautzsch, tan calumniado, ¡ay!, por las víctimas de sus desinteresadas maniobras’” (8).

Otro signo es la ambigüedad, figura que recorre todo el texto y que aparece claramente aludida desde el inicio en el nombre de quien habría difamado al maestro del narrador: Madame Henri Bachelier, es decir, la señora Enrique ; y, por supuesto, el texto elegido: el Quijote , obra invisible de Menard, cuyo predicado -parodia de las novelas de caballería- se ha vuelto un lugar común. Asimismo es posible leer como una alusión las dos referencias a lo que sería una especie de hábito de Pierre Menard, quien solía "propagar ideas que eran el estricto reverso de las preferidas por él” (9).

De manera breve, la parodia puede ser definida como la transformación de un texto sobre la base de uno anterior, como la relación que se establece entre éstos y que provoca un distanciamiento que permite la lectura crítica de una cultura, la cual tendrá que haberse conformado previamente en un sistema de signos visibles, ya que sólo es posible parodiar lo que ha superado ciertos límites de estilización, que ha alcanzado cierto nivel de saturación.

La lectura de Saer se vería confirmada de algún modo por la de Piglia, quien encuentra en Borges la síntesis, la clausura de las dos grandes líneas de la literatura argentina del siglo XIX, la gauchesca y el europeísmo, el cosmopolitismo; y señala, en "Parodia y propiedad", que "bastaría hacer la historia del sistema de citas, referencias culturales, alusiones, plagios, traducciones, pastiches que recorre la literatura argentina desde Sarmiento hasta Lugones para ver hasta qué punto Borges exaspera y lleva a la parodia y al apócrifo esa tradición. En realidad -concluye-, el tratamiento borgeano de la cultura es un ejemplo límite del funcionamiento de un sistema literario que ha llegado a su crisis y a su disolución" (10).

Así pues, por un lado, Borges extrema, vacía de contenido y lleva a la irrisión lo que es una tradición nacional; Piglia acentúa, además, otro rasgo que estima fundamental: su antintelectualismo, la oposición cultura-vida, que es constitutiva en él y cuyo secreto reside en mantener unidos los términos, que estén en tensión la erudición y el populismo ( 11).

Ahora bien, en "Pierre Menard, autor del Quijote" esta tensión explicaría la diferencia de lecturas: la crítica habría privilegiado la vertiente erudita, conceptual que propone el texto, que encarna Menard y que representaría la posición de Valéry, y habría descuidado u omitido los indicios que parodian y corroen esta concepción.

 

(1) Borges, J. L., "Pierre Menard, autor del Quijote", en Ficciones, Madrid, Alianza, 1971. 
(2) Steiner, G., Después de Babel, México, Fondo de Cultura Económica, 1980, p. 92. 
(3) A. Rossi se formula esta pregunta en su artículo "La página perfecta", publicado en La Gaceta del Fondo de Cultura Económica N° 188 (Destiempo de Borges), agosto de 1986, pp. 48-49. 
(4) Saer, J. 1., "Borges francófobo", en El concepto de ficción, Bs. As., Ariel, 1997. 
(5) Borges, J. L., "Introduction à la Poétique, de Paul Valéry", en Ob. C., Barcelona, Emecé, 1996, 1. IV, p. 368. 
(6) Op. cit., nota 1, p. 56. 
(7) Op. cit., nota 4, p. 36. 
(8) Ibid., pp. 38-39. 
(9) Op. cit., nota 1, p. 56.
(10) Piglia, R., Crítica y ficción, Bs. As., Fausto, 1993, p. 107. 
(11) Ibid., pp. 130-132.

 

Disponível em: descartes.org.ar. Acesso em: 30 março 2014.